sábado, 26 de maio de 2012

#Analogia

Ousei nos comparar a um cigarro, hoje mais cedo. Foram meus pensamentos vagarosos, em contato com um sinal teu. Não consigo desviar as ideias do rumo que estão tomando. Foi você antes, é você agora e será depois. São pensamentos redundantes que - não importa a maneira - me guiam até você. Por vezes tento transparecer, por vezes tento esconder. Algumas horas procuro fugir, em outras rendo-me às lembranças.
É aquele maldito ponto de atenção.
Tudo ao redor parece ter hora marcada para fazer duvidar, lembrar e desistir de esquecer. Apesar dos esforços, ainda percebo-me incessantemente pensando em você.
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Era um cigarro comum, sem chama, sem história. Lizo de preocupações. Você me fez acender, há exatamente um ano atrás, junto com você. A brasa, o amor; A fumaça, o encanto; A magia da história, do ato, começava a acontecer. Cada trago era um impulso, dava continuidade para não deixar que se apagasse. Ficava mais forte, mais intenso, em diferentes e contínuos hiatos de tempo. Em paradoxo, esgotava-se a cada segundo passado, e nós sabíamos. Seria chegada uma hora em que não haveria mais tabaco para queimar. Filtraríamos cinzas.
E foi em uma dessas crises de relacionamento que terminou nosso primeiro cigarro. Quase houve o fim, logo ali na primeira curva desta história. Tivemos uma ideia:
- Vamos acender mais um.
Acender outro cigarro, era como renovar energias de dois corações cansados.
Aprendi naquele momento: Crise nem sempre é uma palavra ruim.
Quando menos pude perceber, encontrava-me diante de um ciclo vicioso ao seu lado. Havia riscos, mas sempre haveria também, outro cigarro para curar qualquer chance de perder você. Prosseguimos. Vivemos intensamente o dia-após-o-outro e nos entregamos a algo maior, muito maior do que nós.
Hoje, ao olhar para trás, perco-me em um passado denso. Não é possível discernir datas exatas. Nos últimos anos tudo mudou de lugar, não deixou qualquer coisa sequer da maneira que estava antes de você entrar em minha vida.
Eu acenderia mais mil e um cigarros ao teu lado, só para não deixar jamais, isso morrer. Você por outro lado, terminou o maço e atestou desistência. Não quis mais continuar. Quer ir embora, quer se encontrar. E eu, como algo deixado para trás, vou acender meus cigarros sozinha a partir de hoje. Até quem sabe, encontrar alguém com quem valha a pena, algum dia, compartilhar.

"O pior de fugir de si mesmo é que cedo ou tarde, você se encontra. E quando se encontra, percebe que aquilo que você deveria estar correndo atrás acabou de ser encontrado. Por outro alguém. E, isso sim, é triste." - Lucas Silveira

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