domingo, 17 de junho de 2012

#Hipocrisia

Eu não faço questão, nem aos pormenores, de adaptar-me a uma sociedade completamente doente. Escrevo com a mais sincera lástima ao dizer que os valores agregados e percebidos são cada vez mais hipócritas e complacentes com a realidade que nos encontramos. Moral, ciência, política, religião, amor. São inúmeras informações divergentes que visam definir qual a conduta e a postura coerente que nós indivíduos, devemos adotar perante a sociedade. A verdade é simples, é lógica e está explícita ao nosso redor, em todos os cantos do mundo: Doente não somos nós que não atendemos aos requisitos impostos desde que nascemos para sermos aceitos. Doente, é o pseudo-discurso de igualdade que ouvimos todos os dias, enquanto a ignorância e a sanção social exercida por fanáticos religiosos, racistas, homofóbicos e outros tipos de intolerantes, coexistem sobre os que recusam submeter-se as suas ideologias, ditaduras e crenças unilaterais. Dia-pós-dia, por debaixo dos palanques que abrigam tais discursos, os palestrantes (geralmente figuras públicas e/ou políticos) em grande parte das vezes, estão apenas defendendo seus próprios interesses egoístas e ambiciosos.
Menosprezo também a perfídia, a hipocrisia das mentes adeptas à concepção de normalidade em relação aos absurdos que cercam nosso cotidiano. O horror transcrito nas manchetes de jornais, programas televisivos, notícias de rádio; Tornou-se comum lermos, vermos e ouvirmos toda a barbárie que o ser humano é capaz de cometer nas ruas, instituições de ensino, lugares públicos, estabelecimentos e principalmente, dentro de casa. Corrupção, desigualdade, miséria, ignorância, genocídio, homicídios, terrorismo; Aprendemos a lidar e aceitar com abrupta naturalidade todos estes "cânceres" da sociedade. É lamentável admitir que a lei do mínimo esforço impera majoritariamente na consciência coletiva dos indivíduos. Poucas são as exceções que buscam de maneira efetiva, alterar os parâmetros equivocados que nos precedem e possuem poder coercitivo a cada nova geração. Percebo que aos olhos da ignorância, abominável e incomum não é a fome, a pobreza, os crimes, o vandalismo. Todos estes fatores são rotineiros, indignos de atenção. Para a cegueira dos intolerantes, os absurdos estão presentes nas diferenças étnicas, no amor entre pessoas do mesmo sexo, na devoção à algum outro Deus que não lhes agrade. É vergonhoso notar evidentes defeitos humanos, que ainda existem após séculos e milênios de evolução: A arrogância, a prepotência, o egocentrismo e a mania petulante que temos ao pensar que nossos valores são superiores aos dos outros, e não obstante, ainda sermos egoístas o suficiente para acharmos que o mundo é apenas nosso, e desta forma, impor nossas verdades vazias e desprovidas de real significado sobre o outro, sem reconhecer que todos nós temos direito de escolha e opinião. As disparidades, a heterogeneidade das partes e a diferenças criadas são exatamente o que move o mundo sentido à evolução, ao aprendizado. Enquanto disseminarmos a hipócrita conduta regrada por ditaduras que não nos permitem questionamentos, enquanto criarmos em nós mesmos falsas imagens de defensores da igualdade, mas em simultâneo não permitirmos que nossos filhos tenham sua própria orientação sexual, que nossos vizinhos tenham outro Deus, que nossa família integre membros de diversas culturas, nós seremos eternamente presos à elos que não nos deixam guiar até à harmonia, à compreensão, à aceitação, ao amor sincero capaz de transformar-nos no melhor que podemos ser.

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