quarta-feira, 26 de junho de 2013

#UmSó

Era um simples rabisco de um passo de dança, e a melodia, a bossa nova de algumas décadas atrás. Na distância que se mede por alguns meses somados, abri os olhos novamente, e desta vez não ousei olhar pelos ombros. Eu reencontrei voz aos poucos, por meio do brilho incessante que escondia-se por detrás do seu olhar. Durante inúmeras madrugadas embriagadas, na cidade, nos bares, nas casas de praia ou em frente ao mar, seu tom de voz casou-se com o meu, e acompanhou-me tão fielmente, desde as músicas mais antigas até as mais recentes, que eu mal conseguia parar de dedilhar as cordas do meu violão.
Eu fazia piada para disfarçar o sorriso que vinha da alma toda vez que os meus lábios encontravam os teus. Ouvir a sua voz em conjunto com a minha, é como deixar a vida entrar novamente em meu coração, sentir o oxigênio inflar os pulmões com toda sua majestosidade.
Desde um primeiro beijo nem-tão-roubado-assim, construímos pouco a pouco, mais, muito mais do que poderia eu, ter imaginado. Acordo no perfume incessante do seu abraço, olho para lado e tenho o seu maço de cigarros, sede do seu beijo e o gosto de quero mais que você me deixa toda vez em que se vai.
Na febril anomia que encontro-me todos os dias, por essa vontade-de-você, eu subtraio os segundos da contagem regressiva e peço o seu corpo junto ao meu, para explorar esta saudade na ternura das madrugadas, das manhãs, tardes e noites sob o céu infinito que, com toda a sua graça, faz questão de nos abrigar.
Somos um só. Há trezentos e quarenta e oito dias, ou talvez, muito mais.

"Sem você eu sumo
Eu morro de fome
Eu perco meu omuя
Eu fico menor...

Eu tenho o seu gosto
Eu sou do seu jeito
A cor do seu rosto
Eu já sei de cor".

Nenhum comentário:

Postar um comentário