sexta-feira, 26 de julho de 2013

#Pedido

- Que cada noite que eu passo sem você, corresponda a anos ao seu lado.
Os ponteiros do relógio marcavam aproximadamente quatro horas da madrugada, e ela disse as palavras mais doces que eu poderia ouvir. Sua voz soou como infinita paz. Tomei algumas doses da bebida mais forte, para acalmar o coração mais fraco, embriagado de saudade. A noite vazia repentinamente encheu-se de um sambinha bom com pouca nota. Eu invadi o silêncio e cantei para você, nos versos simples que diziam:

"Eu, eu quero me bordar em você
Quero virar sua pele
Quero fazer uma capa
Quero tirar sua roupa".


É a noite mais fria do ano na cidade de São Paulo e o seu corpo está longe do meu. Os termômetros discordam entre três e quatro graus pelas avenidas, mas eu tenho uma única certeza que queima e aquece aqui dentro de mim. Eu fui escrita pra você. Cada rascunho não terminado, cada verso e vírgula desconexa, perdida no caos do sem querer, traduz o mosaico de mim. Toquei os lábios tentando sentir o gosto de céu que você tem. São trezentos e setenta e sete dias desde que eu beijei você pela primeira vez. Mesmo que o ceticismo dos números por vezes tornem cinza a poesia, eternizaram-se em mim, e todo décimo quarto dia do mês, é carnaval nos cômodos do meu coração. Deixei a decoração por sua conta e acho que deu certo, pois em pouco tempo o meu corpo já era sua moradia, e o seu, a minha.

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