quinta-feira, 24 de julho de 2014

#Quarta-Feira

Ela acordou ontem, as sete e trinta de um dia preguiçoso. O sono lhe dizia para fazer o contrário. O dia era pouco atrativo diante do calor insolente de uma cama vazia. Há alguns quilômetros de distância, sabe-se lá em que direção, eu repetia o mesmo cenário. Eis que para cento e noventa milhões de pessoas, com uma margem de erro de dez por cento para mais ou para menos, o dia de ontem era uma quarta-feira como outra qualquer. Se iria chover ou fazer sol, pouco importava. Talvez houvesse trânsito. Talvez não.
A verdade é que não era uma quarta-feira comum. Não para mim, não para ela. A menina que me tem nas mãos. Eu peguei o celular, digitei os números mais do que decorados, e ela atendeu.
Eu ouvi sua voz. De repente despertei. Notei que havia lá fora, provocando as janelas, um sol orgulhoso de toda sua graça. Eu não queria falar. Eu só queria ouvi-la.
Ela é o meu melhor sinal de dia, de vida, de ida.
Ela rumava para o desconhecido com o sorriso apaixonante. Eu rumava para a ansiedade com o sorriso apaixonado. Assim, combinamos. Assim, assumo que vivo de encantos. É difícil demais enquadrar-se à sobriedade dos dias quando se está de mãos dadas.