terça-feira, 25 de outubro de 2011

#Narcótico

Você era como uma dose de endorfina para um coração cansado. Um mal necessário, tão prejudicial que se tornou dependência. Poucas foram as vezes em que busquei redenção, não havia o que me fizesse querer procurar qualquer tipo de reabilitação para esta necessidade que eu tinha de ti.
Você me tinha como ninguém mais. Como foi perder isto? Deixei transparecer cada sentimento, incontáveis lágrimas e todos os sinais para que ganhasse a eternidade ao meu lado. Há em você um vazio mal disfarçado. Eu tentei preencher, eu tentei ser mais, sem saber que jamais seria suficiente, pois o problema nunca fui eu.
O vício do teu olhar, cegava o meu. Cada qual que ousasse se aproximar de mim, sentia a tua presença mesmo que você não estivesse ali. Eu carregava nas mãos o pouco que eu tinha de nós e não me atrevia a largar. Mesmo quando dizia adeus, nunca consegui ir embora. Todas as vezes em que te vi caminhar facilmente para longe de mim, não pude fazer o mesmo. Algo sempre me prendia ali, uma certa esperança de que você fosse voltar. Ao menos alguma parte de mim tinha que acreditar, eu precisava encontrar algum conforto nos meus pensamentos, alguma saída para toda aquela insegurança que agarrou-se em mim desde que te conheci.
Foram caindo, um a um, todos os que tentaram me alertar. Porém, a verdade é que eu sempre lutei para esconder o que eu soube desde o primeiro momento: Você, para mim, era um jogo de tudo ou nada. Uma aposta às cegas, e eu resolvi entrar, não quis correr. A partir deste dia, por muitas vezes tentei culpar o destino ou a minha desatenção. Mas eu sempre soube, afinal, a gente sempre sabe quando está se arriscando.
Diziam-me mesmo que o vício, a abstinência e as drogas agiam assim. Eu neguei o que era obvio só para poder ter mais. Eu pedia por mais em silêncio. Perdi a quase-inexistente razão que sempre tive, afastei toda ajuda e paguei qualquer preço, simplesmente para ter você ao meu lado, mesmo sabendo que isso não poderia acontecer.
Porém, é só quando estamos no fundo que percebemos o tamanho do buraco que cavamos para nos enterrar. Só quando praticamente não há mais luz, que os olhos atrevem-se a abrir outra vez.
E se eu não disser que foi difícil, não se sinta mal. A verdade é que foi bem mais simples do que imaginei.
O inesperado. Uma saída, uma fresta de solução.
Você era como uma dose de endorfina para um coração cansado. Não é mais.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

#Antônimos

É uma sinestesia, uma contradição de sentidos, uma confusão de sentimentos. Pode ser este o último romance, ou apenas mais um. Deixe o tempo contar a história de nós dois, não há mais espaço para opiniões alheias. Tudo o que importa esta noite é o seu olhar de encontro com o meu.
Saem amargas as palavras dos corações que não sabem amar. Um dia hão de aprender: Não existe vida sem amor, e portanto para mim, não existe vida sem você. Eu as recuso incessantemente e te peço, ignore-as também. A questão sou eu, a questão é você, nós, e ninguém mais.
Deixe os pequenos detalhes mostrarem a grandeza que possuem juntos. Tudo em nós é ritmado; Desde as batidas do meu coração até os minutos que precedem o último toque do dia. Como dói dizer adeus e pensar que longas horas de distância irão se estender até que eu possa finalmente te ver outra vez.
Às vezes tento fechar os olhos na esperança de que eles não denunciem tudo o que se passa dentro de mim. Existe um fascínio meu a cada atitude sua, a cada troca de olhares e sorrisos perversos. Há um significado a cada novo segundo, mas pouco sei de você.
A impressão que adquiri nesses meses ao seu lado traz consigo muita ironia. Sinto-me cada dia mais ignorante de você. Parece que no passado, com menor tempo de convivência, te conhecia muito mais. Este mistério faz com que todos os dias ao acordar, eu me apaixone outra vez por ti. É como se cada dia ao seu lado soasse como apenas o primeiro. Não encontro saciedade neste meu sentimento, parece que tem sempre mais um pouco e um pouco mais.
Estar junto faz cada dia difícil valer mais à pena. Este jogo de proibições, todos esses obstáculos impostos a todo tempo, conseguem realizar a psicologia inversa. Ao invés da desistência, cria-se cada vez mais uma certa abstinência que implora a todos os momentos, pela única razão destas palavras.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

#Incansável

Escrever aqui é o que torna esta dor um pouco mais aceitável, e a realidade um pouco menos dolorosa. Quem nós queremos enganar? Há em todas as direções - sem exceção - palavras, olhares, e uma falsa desatenção apontada para nós. Um descuido é suficiente para trazer uma lágrima. Ela escorre, cristaliza e marca. Nos faz perceber como dói enfrentar esse abismo que separa a liberdade e o amor.
Estes poucos parágrafos tentam capitular, ou ao menos, descrever tudo o que se passa em um coração à moda antiga. Sim, porque não consigo me adequar a esse desinteresse pela vida, pelo amor, pelo subjetivo, e ser assim: tão racional sobre sentir e tão irracional sobre viver.
Mesmo tendo nascido nos 90 e fazendo parte desta geração de pessoas que falam, depois pensam e só por último sentem, não consigo me enquadrar.
Existe nos teus olhos, o que sempre faltou em mim. E eu procurei, cresci e compreendi. Nada nos completa mais do que amar. Uma vida sem amor é uma vida fria. Quem ousa dizer que uma vida sem amor é estável, até pode estar certo. É uma eternidade vazia, sem oscilações, não há felicidade real, só uma constipação barata de quem se acovarda diante dos próprios sentimentos.
Eu desejo estar perto, e a distância machuca. Eu desejo você e o mundo diz não. Mas afinal, o que é um amor verdadeiro sem esta luta incansável contra tudo e todos? Às vezes eu paro e sinto todo o desgaste dos meus dias passar por mim. Eu percebo o cansaço, a dor, e reclamo de como parecem inúteis os meus esforços para ter você, até que você aparece para mim, e sorri. Neste momento eu me esqueço de tudo o que passou, eu me lembro de tudo o que vale a pena, e então, me sinto mais forte do que nunca.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

#Saída

Estou faz tempo, precisando de uma dose de você. Por que o tempo insiste em procrastinar quando estou longe de ti? Por que as noites são tão tortuosas e as madrugadas tão longas? É difícil conter as palavras que pedem demissão à minha voz; Clamam pela liberdade, querem expressar todo este sentimento, toda esta vontade que eu guardo e se acumula cada dia mais, dentro de mim.
Se você ao menos pudesse imaginar como é difícil dormir todas as noites sem antes pensar por muitas horas nos momentos, nos sorrisos, nos olhares nem-tão-escondidos... Deixa eu morar no seu coração e jamais sair de lá, pois essa ausência traz uma dor impiedosa. Ah, saudade. É medo, é insegurança, é menos, é mais.
E se dias transformarem-se em anos? Não sou capaz de lidar com a sua ausência. Desaprendi como é a vida sem você. Desaprendi a ser só, a ter pouco, pois você me deu tudo. Tudo o que eu mais procurei e jamais consegui encontrar. Foi apenas através do choque de realidade, dor, decepção e uma quase desistência em amar que eu finalmente percebi: era você e mais ninguém, era naquele momento ou nunca mais. Foi um tudo ou nada repentino, uma escolha impulsiva e desavisada que me trouxe até estes dias tão ambiciosos de você. Eu renuncio o que for preciso para estar ao seu lado, pois há muito tempo o destino silencioso fez de maneira imperceptível, minha felicidade ganhar nome e sobrenome. Eu procuro uma saída para prorrogar o fim. Eu procuro a cada sílaba sua, uma fresta de solução. Eu procuro por qualquer "sim" que possa contradizer o "não".

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

#Dúvida

Eu esperava por pelo menos um pouco mais. Após tanto tempo. Após tanto dizer. Após tanto querer. E as promessas? Incontáveis promessas. Quem ousaria duvidar?
Raramente se desculpa ou assume as partes que lhe convém. E eu peço desculpas por ser assim, sua amante em tempo integral. Não sei viver de meio-período, não sei amar pela metade, não mais. Você ensinou tanto e agora não consegue demonstrar. Dói perceber que nada consegue falar mais alto do que o coração, dói perceber que sou a única capaz de ouvi-lo gritar por você, e você? Desistiu do seu.
Diga, porque eu não consigo entender, quando foi que nos perdemos? Quando foi que o medo se impôs entre nós? Não há o que me faça lembrar dos primeiros sinais de problema. Uma lástima, uma desatenção.
Talvez o erro cometido várias vezes, deixe de ser erro e passe a ser escolha. É escolha sua ir embora sem tentar fazer valer o único amor que realmente importou para você? Para quem vê o mundo com os olhos iguais aos meus, é incabível tal possibilidade.
Hoje eu percebo, há um ponto final a cada frase sua, há um tudo ou nada que não te permite racionalizar demais sobre nós. Hoje eu percebo, o seu coração foi muito bem treinado para não opinar demais. O medo demarcou os limites do seu conforto e não ousa deixar alguém ou qualquer amor desavisado ultrapassá-los. Não consegue prosseguir ao meu lado e desafiar os momentos difíceis a fim de conquistar a liberdade. E eu, no outro extremo da questão, com todos os meus incontáveis defeitos, jamais deixaria algo me impedir de ser feliz. Portanto, talvez tenha sido erro meu pensar que isso fosse acontecer ao seu lado. Talvez tenha sido erro meu, outra vez, acreditar nas palavras impulsivas do seu coração. Uma lástima, uma desatenção.