terça-feira, 14 de abril de 2015

#Bilhete

Ei, pequena. 

A nossa música já tem dois anos. Colecionamos dias catorze. Sem querer, ou querendo, sem perceber, ou percebendo, nosso pequeno conto de fadas encanta e desperta amores. Somos feitas de histórias infinitas e finais felizes. O meu olhar admira a sua poesia. O meu sorriso é espelho do seu. Mãos dadas. É assim que sei, que sou, que somos, e seremos sempre, se quiser. Que o nosso amor enfeite o mundo por aí, como você enfeita os meus dias por aqui. Que essa felicidade seja sempre companhia. Passamos por tanto, por muito, por tudo e por quase nada. Ainda tenho tanto para te mostrar de mim, tanto para aprender de você, e tanto para descobrirmos juntas. Mãos dadas, pequena. É assim que eu quero descobrir a vida. Com o seu jeitinho, com a sua graça, com todo esse amor. Porque cada momento ao seu lado é mais um infinito 'felizes para sempre', e que assim seja, se você quiser vir comigo, e vier, minha menina.

sábado, 14 de março de 2015

#Amor

Eu tenho milhares de quilômetros entre o meu corpo e o dela esta noite. O sol irá se despedir de mim por último e chegar em sua janela primeiro. Com ele, eu quero que vá um beijo meu. Que os primeiros sinais de dia recaíam sobre àquelas curvas que provocam meus suspiros. Que o calor de um novo domingo lhe toque as pálpebras delicadas e lhe roube um sorriso. A preguiça da manhã nos envolverá em um abraço. A saudade irá cantar baixinho, em não mais do que um sussurro.

Estou voltando, minha pequena.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

#Carnaval

Havia um número incontável de pessoas embebidas pelas marchinhas que vêm do trio. Elas preenchem, quase por completo, as ruas da cidade, em uma assimetria ritmada, tão bonita quanto um mosaico da própria arte. Há pouco espaço entre uma e outra mas todas dançam. Seria difícil, talvez quase impossível atentar-se a um ponto específico, a uma única singularidade diante de um todo tão encantador se não fosse àquela menina - o destaque dentre tantas e incontáveis alegorias, o meu único ponto de atenção. Eu até poderia lhes descrever os detalhes do cenário com maior dignidade e precisão, mas a culpa é dela por roubar a cena, os meus desejos, o meu roteiro, os meus planos, os últimos anos e com sorte o resto da minha vida inteira.

Quase soletro as palavras de tão devagar que me escapam. O dela, era  o desfile mais bonito. Meu olhar acompanhava cada segundo daquela valsa entre o brilho ofuscado das fantasias. Os cabelos indecisos, quase cachos quase lisos, escorriam-lhe os ombros. Não sei lhe dizer o que nela sorria mais, os olhos ou a boca.
O calor da rua, da festa, da música - tudo parecia ressaltar ainda mais a beleza da menina que encantava os demais. Eu era mais uma figura espectadora de sua platéia. Ela dançava em minha direção com a graça das estrelas nos olhos. Eu era a timidez de um sol nublado. Quando lhe tinha a atenção, saía detrás das nuvens e ousava acompanhar a menina-mulher mais bonita do baile. Ela me dava as mãos, me tirava para dançar. Eu retribuía o cortejo, e cercava-lhe as cinturas. Perdia todo e qualquer controle do meu próprio corpo ao tocar no dela. E o beijo, minha maior embriaguez. O mundo acontece enquanto eu fecho os olhos para beijá-la, mas as palpitações do meu coração são mais altas. Este momento poderia pendurar-se pela vida toda que eu não iria notar.

domingo, 25 de janeiro de 2015

#Dança

Deixe-me ser sua poeta, deixe-me admirar seu corpo de poesia. Deixe-me cantar baixinho os teus versos. Deixe-me desenrolar e enrolar-me nos teus segredos mais escancarados, nas tuas verdades mais escondidas, nos teus medos mais desesperados. Eu hei de ser quem mais lhe ama, você há de ser primeira-dama no infinito do que sou. Será você quem manda e desmanda, enquanto me atento, sem pressa, aos teus lábios de hipnose pintados de vermelho, à nudez do teu espelho, o motivo do meu samba.
É orquestra tão bonita ritmar os teus movimentos, rimar a obra-resultado de suas qualidades e defeitos. Os meus olhos de amor te esperam todos os dias, entre paz e agonia, na saudade que nos invade inconsciente, nos viola sem pudor, sem saber. É quase um desrespeito essa urgência que tenho de você.
Eu seguro a sua mão, em uma noite de meio de semana, o silêncio denuncia que estamos a sós. Nós valsamos sob o brilho da lua, sem qualquer sinal de música, em uma rua de lembranças e dois olhares de criança. Nas palavras de Carlos Drummond de Andrade, um estar entre céu e chão, onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas, sem fugir a forma do ser, por sobre o mistério das fábulas. 

domingo, 14 de dezembro de 2014

#Incêndio

O beijo sob a chuva. A bagunça de todo e qualquer sentido. O amor que sentimos. Eu me perdi em seu toque, esqueci tudo ao redor: O trânsito, os pedestres, os boêmios, os garçons, o semáforo, a conta em cima da mesa, os carros, as buzinas apressadas. Eu, muito menos consciente de todos os meus movimentos do que já me é normal, mergulhei no teu corpo. Assim, de cabeça. A minha melhor viagem. Invadi um abraço que já me era oferecido há algumas horas. Não precisei de muito para desaprender o pouco que sei sobre não ser eu mesma. Bastou sentir o seu perfume. Bastou lembrar-me das rosas. Eu não sei desprotagonizar este papel de apaixonada aos teus detalhes mais escondidos e escancarados. Eu não sei te amar com regras. E quando o assunto às diz repeito, eu lhe digo sem a menor decência ou mal-estar: Adoro quebrá-las. Sinto prazer em quebrá-las. Tenho sede.
E você, como quem sabe e compartilha o meu gosto pelo proibido, provoca toda e qualquer sanidade que me resta. Me bagunça. Eu o fiz. Como quem tira tudo do lugar, eu adentrei o cômodo e abandonei o incômodo.

Eu não saberia descrever a implosão de sentimentos que ocorreu-me por debaixo da pele naquele momento. Meu corpo era pouco mais do que um campo minado, e cada toque, um perigo ardente. Não havia sequer possibilidade de cessar-fogo. A verdade é que essa combinação de pólvora e flama nos cai muito bem. O incêndio que nos consome todo e qualquer oxigênio. A intensidade de ter, de ser, de amar a faísca que nunca se apaga(rá).

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

#Rascunho

Tem poesia nova em meus acordes de violão. Quase emudecidos, canto baixinho para que ninguém possa me ouvir. Minha obra sempre foi silêncio e eu não me orgulho disso. O dom dispensável de dizer quase tudo sem usar sequer uma palavra. São frações de segundo que se estendem por algumas horas entre quatro paredes que são testemunhas caladas. Fiéis.

A tudo o que sou, que sei, que já não sei mais.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

#Biografia

Ela é apaixonada pelo meu jeitinho atrapalhado. Pelas covinhas que pontuam os cantos do meu sorriso. Ela me observa observar o mundo com tanta estranheza. Com a inocência e a curiosidade de uma criança. E por vezes, eu sei que sou. Ela segura minha mão.
A verdade é que eu me perco em minhas próprias conclusões. Eu me distraio na correria da cidade, nas conversas paralelas, nas confusões do dia a dia. Tudo me é efêmero e encantador, ao mesmo tempo. Enquanto isso ela sorri. Eu não saberia lhe dizer em que momento eu percebo. Mas de repente, em um instante, minha atenção é assaltada a mãos desarmadas.
Eu, que em um momento era coadjuvante, uma espectadora trivial, passo ao papel principal da peça: sou assistida. Demora alguns segundos para resolver a equação dos meus próximos movimentos.
Enquanto isso, ela continua sorrido. Quase dá uma risada de todo meu embaraço. Algo sempre me diz que ela já sabe que eu sei que ela sabe, mas então, finjo que nada sei.

É muito intangível para qualquer poesia. Os nossos sinais e interpretações, os olhares entrelaçados aos sorrisos mais indiscretos. O amor é um espectro de cores infinitas condensadas no diamante dos seus olhos. Jóia rara, menina.