domingo, 25 de janeiro de 2015

#Dança

Deixe-me ser sua poeta, deixe-me admirar seu corpo de poesia. Deixe-me cantar baixinho os teus versos. Deixe-me desenrolar e enrolar-me nos teus segredos mais escancarados, nas tuas verdades mais escondidas, nos teus medos mais desesperados. Eu hei de ser quem mais lhe ama, você há de ser primeira-dama no infinito do que sou. Será você quem manda e desmanda, enquanto me atento, sem pressa, aos teus lábios de hipnose pintados de vermelho, à nudez do teu espelho, o motivo do meu samba.
É orquestra tão bonita ritmar os teus movimentos, rimar a obra-resultado de suas qualidades e defeitos. Os meus olhos de amor te esperam todos os dias, entre paz e agonia, na saudade que nos invade inconsciente, nos viola sem pudor, sem saber. É quase um desrespeito essa urgência que tenho de você.
Eu seguro a sua mão, em uma noite de meio de semana, o silêncio denuncia que estamos a sós. Nós valsamos sob o brilho da lua, sem qualquer sinal de música, em uma rua de lembranças e dois olhares de criança. Nas palavras de Carlos Drummond de Andrade, um estar entre céu e chão, onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas, sem fugir a forma do ser, por sobre o mistério das fábulas.