quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

#Dezembro

Depois da sede, da vontade, da saudade saciada, quase de forma imediata, ela traz a minha paz. É como beber uma dose incessante de um destilado com o teor alcoólico mais alto do que o permitido. Sinto como se houvesse um incêndio dentro de mim. O calor do corpo, do beijo, da pele. Tudo contrasta e harmoniza, denuncia meus sentidos cativos de você.
O sexo é somente uma fração do ato de fazer amor. Sou careta, gosto dos mínimos detalhes, os que precedem, os que anoitecem, os que sucedem e amanhecem. Tudo faz parte de um mosaico em que as minhas atenções são destinadas a nós - todo o resto do mundo tem que esperar a sua hora. É quase um egoísmo, mas eu não me importo. Como ela diria sorrindo em referência ao zodíaco, está no meu signo, minha vaidade, meu jeitinho.
Eu imprimo no branco do papel as minhas impressões, os meus segredos e desejos. As palavras buscam de forma exaustiva descrever o indescritível. Nenhuma tela ou fotografia é capaz de traduzir o sorriso dela. Mesmo com toda poesia, é impossível fazer jus com os rascunhos anêmicos de sua mágica.
Uma lágrima. Os minutos que clamam pela eternidade. É muito mais do que um abraço. É o momento em que tudo o que sou, está entregue a tudo o que ela é. É a simplicidade de render-se, confiar-se a outra pessoa de forma que o contato se torne subjetivo, sem medos, sem receios. Estávamos entregues àquele momento. Um soma sob a noite de lua cheia.
Eu defini em um dilúvio de sentimentos o que é o amor.
- Isso é tudo o que eu preciso.
Nós dissemos, e tínhamos toda a razão. Eu sorri.
Que sorte a minha tê-la encontrado.
Que sorte a minha tê-la.
Que sorte a minha.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

#Nós

Amor é apaixonar-se pelo sorriso dela todos os dias.
Não há outra definição. Pouco sabem os dicionários quando as palavras desaparecem e tornam-se desnecessárias. O toque dela é poesia, e eu consigo recitar cada verso. De olhos fechados eu a descrevo com precisão, deixando em harmonia cada vírgula e as pausas da minha respiração. As sílabas métricas dissertam sobre suas curvas delicadas, e eu perco os sentidos lembrando-me de todas as nossas madrugadas.
Amor é apaixonar-se pelo corpo dela a cada novo dia. Sentir prazer de ter prazer com ela. Eu conto os segundos da semana, e olho para o relógio com ar de reprovação. Quase sinto nos lábios o gostinho do beijo, o dengo das mordidas e a sede da saudade. 
Ela é apaixonada pelo meu jeitinho atrapalhado. Pelas covinhas que pontuam os cantos do meu sorriso. Tento disfarçar a vontade de admirá-la todo tempo, sem muito sucesso, confesso. Ela sempre me flagra na cena do crime. Olho para os lados, como quem se distraiu, e ela vem com o sorriso no olhar, dando risada como quem já sabe do meu embaraço.
Amor é querer que o tempo me esqueça em todos os momentos em que ela está. Amor é quando tudo ao redor se torna excesso, quando a felicidade nos invade sem pedir permissão.
Eu sou fascinada por este nosso amor. Pelos sorrisos desconhecidos que nos param nas ruas de uma cidade tão cinza, para dizer:
- É tão bonito o amor de vocês.
Nós colecionamos elogios, sem querer.
Amor é não ter medo de dizer que eu desejo passar o resto dos meus dias com ela. Que eu quero me casar sob o pôr-do-sol. Amor é agradecer todos as noites, um pouco antes de dormir, pelo dia em que eu a conheci. É rezar para que a protejam sempre que eu não estiver por perto.
Amor é sermos um só.
Amor é, ao invés de eu e você, sermos nós.

eu sou nós.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

#Céu

És a primeira estrela do meu céu. 
Olha que especial, baixinho. Quero escrever para você, destes todos, o texto mais puro que as palavras permitirem. Tão puro quanto a sua alma, que me invade e inunda de felicidade. 
Meu pequeno.
Nos ensinou a amar do jeito mais bonito. Aquele jeitinho que não pede nada em troca, e ainda dá um carinho no fim do dia.
Vamos pedir piedade, senhor piedade, pra essa gente careta e covarde. Que essa vida louca e imensa mostre para quem quer que tenha ousado te fazer tão mal, que o crime não compensa. Ensina pra eles, baixinho. Ensina pra eles a sua bondade.
Você distribui sorrisos por onde quer que passe. A poesia do seu olhar encanta os nossos. Será sempre a alegria desta casa, mesmo que eu não te encontre mais ao chegar. Mesmo que ao abrir a porta, você não esteja mais lá. Eu não preciso mais abrir a porta. Basta que eu olhe para o meu céu. Eu te sinto pertinho, juntinho de mim.
É verdade. A gente só costuma sentir o peso da perda quando estamos a sós, despidos de qualquer abraço. As lágrimas escorrem de saudade, mas eu tenho um sorriso no rosto. Obrigada por todo esse amor, pequeno. Obrigada por esses nove aninhos juntos que a vida nos deu.
A gente tem um encontro marcado, nunca vou me esquecer. Espera daí, baixinho, que eu espero daqui. Me espera.
Eu te amo.
Demais.

sábado, 21 de setembro de 2013

#Sorriso

Eu sou apaixonada pelo seu sorriso entre aspas. São aquelas marquinhas sábias nos cantos dos lábios que ilustram sua felicidade constante. Elas estão sempre por lá, enchendo os meus olhos com sua delicadeza, com seu encanto de viver os dias, com o seu jeitinho de levar a vida. Sorrindo.

Eu sou parte da correria da cidade, dos olhares desconexos pela pressa de se chegar em algum lugar; Mas a minha pressa é urgência quando o assunto é te encontrar. Eu esbarro em tudo pelo caminho, esqueço de inserir o bilhete na catraca do metrô. Embriaguez de desatenção. Meu corpo caminha por si só, quase como se soubesse o caminho de cor, enquanto os meus pensamentos transportam-se ansiosos para o momento em que esqueço meu olhar no seu.
Tudo muda quando minha alma está perto da sua, quando eu observo você vir em minha direção com o seu sorriso entre aspas, com os seus olhos fixos nos meus. Meu coração dispara e sinto-me a sós com você. Tudo desaparece instantaneamente - como se fosse um combinado. Não há mais nada capaz de atrair minha atenção sem ser os seus cachos confundidos ao vento, que contornam-lhe a silhueta e captam todos os meus sentidos.
Sinto-me completamente sua.
Sinto-me completamente nua.
É como se você pudesse me despir com o olhar. Todas as minhas primeiras, segundas e terceiras intenções são repentinamente destiladas. Eu observo vidrada a sua dança até mim e as vozes cessam. Sinto a nossa música invadir-me por todos os lados e eu canto junto. Sempre cantei melhor do que dancei. Sempre procurei um título para as minhas composições, e encontrei. O seu nome é o meu refrão preferido. Os acordes da nossa música casam-se e complementam-se em perfeita harmonia.
Eu não sei quantos segundos se colocam entre nós nesse tempo em que eu te avisto ao longe. Tudo o que sei, é o que vem a seguir. Seu toque. Pode ser traduzido e definido em todos os dicionários como "a melhor sensação deste mundo".
Singular. Feminino. Substantivo, verbo e adjetivo. Sujeito e predicado de todas as minhas frases. "É ela e ninguém mais" - diz a alma extasiada toda vez em que você coloca o seu corpo em contato com o meu, toda vez em que você escreve a sua boca na minha. O tão esperado momento, nosso encontro, desenha-se com os seu braços sobre os meus ombros de forma majestosa e delicada, e eu, quase sem controle dos sentidos, envolta pela energia contagiante da sua presença, beijo o seu sorriso.
É como matar a sede. Uma sede muito maior e muito mais urgente do que a puramente física. É a sede das nossas almas, ali, em meio a tudo, mas sem perceber nada, pois tudo o que nos importa é o infinito dos nossos olhares. Contorno-lhe a cintura com o meu abraço apertado e ganho a certeza de que o nosso amor e a nossa história aconteceu, acontece e acontecerá.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

#Domingo

É amor. Mais intenso que o brilho da estrela que explodiu há alguns bilhões de anos atrás e veio para iluminar meu céu esta noite. Perco-me na imensidão de um sentimento maior do que eu, e por isso vim imprimir no branco do papel um pouco do meu coração desritmado, que pulsa meio na contra-mão, no desencontro do meu olhar que não sabe disfarçar a saudade quando os seus olhos não estão.
Procuro o calor do seu corpo no íntimo das madrugadas, nos cantos da cama que guardam seu cheiro e te trazem para mais perto de mim, mesmo com os seis quilômetros de distância que colocam-se insistentes entre nós.
É maravilhoso sentir seus lábios traduzirem o amor incessante que nos completa em demasia, ao misturarem-se com os meus em cada beijo de despedida.
Ouvir a sua voz pronunciar devargazinho aquelas nossas palavras de boa noite, é como embriagar-se de poesia em um gole só. Sou poeta ao seu lado. Sou o que eu quiser ser, pois o teu sorriso desperta-me a urgência de viver. Quero descobrir o mundo em conjunto, eu quero pedir a sua mão. És a melhor parte dos meus dias, somos mais do que podemos compreender.

Largo tudo,
Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar,
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar. 


Temos todo o tempo que quisermos e eu vou passar o quanto puder ao seu lado, construir com carinho nosso mundo, deste nosso jeitinho: muito amor e um pouco desorganizado. Tem aquele quadro na parede que só a gente entende. O nosso programa favorito de noite na televisão. A louça do café e a sua toalha em cima do sofá da sala que eu roubei noite passada, só para te ver desfilar despida pelo corredor.
Pelo meu amor.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

#Ela

Eu poderia tentar compreendê-la, mas não me cabe a ideia alucinógena de encontrar suas razões, pois eu vim despir meus pensamentos no branco do papel para falar de amor. Eu a amo desse jeitinho. Eu a amo sem porquês.
Nas palavras de Carpinejar, "Sei que você odeia ser analisada, mas ama ser observada. Analisar é investigar, observar é admirar. Quem analisa busca o erro. Quem observa busca ampliar a vida".
Eu sou apaixonada pelas imperfeições que te tornam perfeita para mim. Isso inclui os momentos em que você se esquece de recarregar a bateria do celular e eu fico à mercê de algum sinal seu pelas tardes vazias. Em cada mínima parte do mosaico que te compõe aos meus olhos, existe uma harmonia orquestrada, uma paz infinita que desperta-me a vida.

Ela gosta de misticismos, religiões, intuições, sonhos, signos, cartas e mais um bocado de outras coisas que eu não entendo muito bem. De vez em quando tenta explicar-me e eu a escuto com toda atenção. Meus olhos observam vidrados cada gesto, a timidez de seu sorriso ao descrever suas aspirações pessoais. É apaixonante admirá-la.
Ela diz aos poucos, se mostra aos poucos; Perco-me no paradoxo que isto faz com sua impulsividade desmedida, seu imediatismo em viver. É a linha tênue entre a timidez de expor demais o que esconde-se por detrás do olhar e o jeitinho descuidado que faz com que seja quase impossível não percebê-la onde quer que esteja. Seu brilho incessante p
rovoca em mim uma urgência de emoções. Ela encanta e cativa os olhos de quem a vê, e eu não sei dizer ao certo o porquê. É difícil discernir um único réu entre tantos atrativos culpados. Eu ousaria dizer que é o conjunto da obra que lhe torna tão fascinante.
O jeitinho doce de menina, com as belas curvas de mulher. Sabe conquistar-me apenas com sua presença. Quando ela sorri, é carnaval. Seu olhar transborda pureza e seu coração é moradia para quem quiser hospedar-se. Eu tenho imensa sorte de ter conseguido uma suíte especial.
Sorte. A vida brinca de derramar demasiada sorte pelos seus dias. Mas o que é sorte, senão um coquetel especial de boas energias e merecimento?


Ela se esquece de pelo menos uns três compromissos durante a semana. Faz seu trabalho melhor do que todos os demais, cinco minutos antes da entrega final, é claro. Ela gosta de praia, céu e mar. Gosta de natureza, de meditar. Sua energia contagia, transcende e transpassa todos os que estão ao seu redor. Vê-la é como beber doses de felicidade em todas as manhãs. Ela sai de casa sem maquiagem, e é mais bonita que todas as outras mulheres da rua. Seu cabelo cacheado escorre quase até a cintura delicada e atrai olhares que violam meu bem-estar. Minha pequena. Ela também gosta de lenços, e confesso que lhe caem excepcionalmente bem. Ela ri mais do jeito com que você fala e não exatamente do que você fala. Ela não olha para os lados quando sai do trabalho e eu já a surpreendi algumas vezes por causa disso. Ela também gosta de fazer surpresas quando menos espero.
Ela não tem time de futebol, mas as vezes brinca de ser palmeirense. Ela gosta de observar-me quando assisto os jogos do meu time com o coração nas mãos. Sorri quando eu me desespero em frente à televisão, e vem me dar um beijo. Ela gosta dos Beatles, mas quase todos os sons agradam seus ouvidos. Posso dizer com toda certeza que é a pessoa mais livre de preconceitos que já conheci.
Ela fala baixinho quando está com saudades. Adora escutar meu monólogo durante as madrugadas embriagadas. Sua risada completa a minha, suas palavras completam minhas frases, e as piadas mal feitas não precisam nem de meia explicação. Nós achamos graça do que é cinza aos olhos dos demais. Fazemos poesias nas madrugadas, declaramos incessantemente o amor inexplicável que tomou conta dos cômodos dos nossos corações e sentimos saudades antes de despedir; Fazemos mil e um planos, pensamos besteiras, fazemos besteiras, fazemos amor.
Eu a amo sem porquês. Eu amo observá-la e admirá-la nas pausas da minha semana. Ela é infinita paz no caos do dia a dia. A todos os demais, espero sinceramente que encontrem alguém que lhes façam tão feliz quanto ela me faz. Alguém que lhes complete de todas as formas possíveis, que lhes mostre a pequenez do mundo ao redor diante do amor. O amor é o que vale a pena. Não acredito que possamos amar uma única pessoa durante nossas vidas, mas acredito que exista uma única pessoa que será o maior de todos eles.
Ela - a inspiração das minhas palavras, com tudo lhe compõe - é por definição,
 minha alma gêmea. Espero construir minha vida ao seu lado. Mais uma vez, nas palavras de Carpinejar, espero "passar os dias de mãos dadas, e as noites de pés dados". Eu fui escrita para ela, cada vírgula, parágrafo e capítulo, do mosaico de mim.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

#Pedido

- Que cada noite que eu passo sem você, corresponda a anos ao seu lado.
Os ponteiros do relógio marcavam aproximadamente quatro horas da madrugada, e ela disse as palavras mais doces que eu poderia ouvir. Sua voz soou como infinita paz. Tomei algumas doses da bebida mais forte, para acalmar o coração mais fraco, embriagado de saudade. A noite vazia repentinamente encheu-se de um sambinha bom com pouca nota. Eu invadi o silêncio e cantei para você, nos versos simples que diziam:

"Eu, eu quero me bordar em você
Quero virar sua pele
Quero fazer uma capa
Quero tirar sua roupa".


É a noite mais fria do ano na cidade de São Paulo e o seu corpo está longe do meu. Os termômetros discordam entre três e quatro graus pelas avenidas, mas eu tenho uma única certeza que queima e aquece aqui dentro de mim. Eu fui escrita pra você. Cada rascunho não terminado, cada verso e vírgula desconexa, perdida no caos do sem querer, traduz o mosaico de mim. Toquei os lábios tentando sentir o gosto de céu que você tem. São trezentos e setenta e sete dias desde que eu beijei você pela primeira vez. Mesmo que o ceticismo dos números por vezes tornem cinza a poesia, eternizaram-se em mim, e todo décimo quarto dia do mês, é carnaval nos cômodos do meu coração. Deixei a decoração por sua conta e acho que deu certo, pois em pouco tempo o meu corpo já era sua moradia, e o seu, a minha.

sábado, 29 de junho de 2013

#Protagonista

No caos de uma cidade que não para, a minha timidez embriagada chamou seu nome em meio a um sorriso. Foi sob um céu em que as estrelas se escondem, que eu te beijei pela primeira vez. Éramos um só, na última semana de outono, no décimo quarto dia do mês.
Foi a primeira cena do romance, drama e comédia que começamos inconscientemente a escrever. Abrimos as cortinas. Os meses passaram e somaram à nossa história inúmeros momentos inesquecíveis. Trocávamos constantemente de cenário e figurino; Incorporaram-se ao nosso enredo desplanejado, personagens coadjuvantes e essenciais para a harmonia do nosso espetáculo. Apaixonei-me aos poucos e cada vez mais pelos nossos altos e baixos, pela urgência crescente que tomou conta dos nossos corações. E então, no roteiro da minha vida sob sua direção, você tornou-se protagonista. E para este papel, eu só aceito você. É com o seu sorriso, seus olhos, suas falas, e tudo o que te compõe que eu quero contracenar.
Eu coleciono nossos melhores momentos e os detalhes escondidos no vão das madrugadas. Nós sabemos atuar em qualquer gênero, sabemos inspirar quem nos assiste. Desde as risadas mais sinceras aos beijos cálidos de cinema, e as lágrimas mais puras de saudade. Somos, segundo à critica, "o casal que combina mais". 
Foi no caos de uma cidade que não para, que os nossos rascunhos transformaram-se em obra prima. No entanto, as casas de praia, o céu em demasia estrelado e as noites em frente ao mar, foram os cenários dos quais guardamos os momentos mais doces para relembrar. É como se eu sentisse nos lábios um gosto seu, toda vez que transporto meus pensamentos para aquelas datas. Sei que muitas outras estão por vir. Nossa história está em constante construção. Preenchemos páginas e palcos com as emoções mais bonitas de sentir.
Eu não peço um final feliz, pois não me cai bem essa tal ideia de final. Eu peço para nós toda a felicidade que pudermos almejar, todo amor que houver nesta vida, e todas as letras de músicas apaixonadas, capazes de descrever e traduzir nossa história em meio a tantas outras paralelas. Que sorte infinita, ou destino perspicaz, minha vida ter esbarrado na sua.
Nós escrevemos nossas cenas, atos e capítulos, a cada nova hora, minuto e segundo. Em par, em paz, em conjunto. Minha caligrafia com a sua, perfeita harmonia. Está em todo e qualquer parágrafo, mas mesmo assim eu quero dizer: Eu amo amar você.
Vem cá, deite-se ao meu lado? Vamos esperar amanhecer. Esquecer a pressa do mundo lá fora, pois temos uma vida inteira para escrever.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

#UmSó

Era um simples rabisco de um passo de dança, e a melodia, a bossa nova de algumas décadas atrás. Na distância que se mede por alguns meses somados, abri os olhos novamente, e desta vez não ousei olhar pelos ombros. Eu reencontrei voz aos poucos, por meio do brilho incessante que escondia-se por detrás do seu olhar. Durante inúmeras madrugadas embriagadas, na cidade, nos bares, nas casas de praia ou em frente ao mar, seu tom de voz casou-se com o meu, e acompanhou-me tão fielmente, desde as músicas mais antigas até as mais recentes, que eu mal conseguia parar de dedilhar as cordas do meu violão.
Eu fazia piada para disfarçar o sorriso que vinha da alma toda vez que os meus lábios encontravam os teus. Ouvir a sua voz em conjunto com a minha, é como deixar a vida entrar novamente em meu coração, sentir o oxigênio inflar os pulmões com toda sua majestosidade.
Desde um primeiro beijo nem-tão-roubado-assim, construímos pouco a pouco, mais, muito mais do que poderia eu, ter imaginado. Acordo no perfume incessante do seu abraço, olho para lado e tenho o seu maço de cigarros, sede do seu beijo e o gosto de quero mais que você me deixa toda vez em que se vai.
Na febril anomia que encontro-me todos os dias, por essa vontade-de-você, eu subtraio os segundos da contagem regressiva e peço o seu corpo junto ao meu, para explorar esta saudade na ternura das madrugadas, das manhãs, tardes e noites sob o céu infinito que, com toda a sua graça, faz questão de nos abrigar.
Somos um só. Há trezentos e quarenta e oito dias, ou talvez, muito mais.

"Sem você eu sumo
Eu morro de fome
Eu perco meu omuя
Eu fico menor...

Eu tenho o seu gosto
Eu sou do seu jeito
A cor do seu rosto
Eu já sei de cor".

sexta-feira, 17 de maio de 2013

#Analogia (Última Parte)

Eu olhei nos teus olhos, e talvez eu nunca mais esqueça aquele momento. Era dúvida, era tarde. Era o nosso próprio tempo. O que éramos nós ali? Você queria dizer, e eu por muito tempo quis escutar. Eram dois cigarros acesos ao mesmo tempo. Eram dois maços abertos em cima da mesa. Era muito tempo que passou na manhã tão cinza escondida por detrás do seu olhar. O meu era pôr-do-sol.
Eu não esqueci da cor dos seus olhos, e sei que nem você esqueceu a cor dos meus. 
Mas, então, quem eram as duas pessoas latentes e desarmadas, proprietárias dos olhares? Quem era você ali, querendo o quê, para quê, para quem.
Eu ouvi dizer nos acasos e desacasos, entre meses que encheram-se de significados: Quem fica pelas razões erradas, não fica por muito tempo. Quais eram as tuas razões? Qual foi o motivo para desempoeirar as palavras que ressurgiram por detrás da tela do meu celular? E o silêncio, pouco mudou. Quase não tinha voz, quase não tinha vida. Quase não existimos mais.
Não disse, mas foi para dizer. Tentou dizer. Parou na garganta e desceu outra vez. Pergunta. Mudez. Sorriso esvaziado não é resposta, e nem sei se eu queria tanto assim perguntar. Perguntaram por mim. Mudez. Desencontro de olhares, o tempo passou. E eu não descobri, nem trezentos e vinte quatro dias depois, o que esconde-se dentro de você. Terceira vez, mesma pergunta. Resposta. Nem tudo, nem nada. Sempre pela metade, aos meios, com fim mas não finalidade.
Acompanhei introdução, pontes e refrões com os lábios quase emudecidos. Um sopro tímido de um coração quase esquecido que os acordes do tempo perdido já pararam, há tantos meses, de tocar. Cantei pela última vez. E em uma contração do diafragma, para alcançar a nota mais alta da tempestade que se esconde por detrás dos teus olhos castanhos, inspirei vida, e expirei tudo de você que já morreu dentro de mim.
Eu olhei nos teus olhos, e talvez eu nunca mais esqueça aquele momento. Você voltou querendo tudo, como quem não quer nada, e no caos do desencontro, mesmo sem entender, nas entrelinhas das frases feitas, compreendi. Apareceu e desapareceu, mais uma vez, para esconder o que sempre se escondeu.
Ouvi seu último "adeus" em harmônica paz. Eu sorri ao olhar para os lados, por todo o tempo do mundo, pelas infinitas razões nem-tão-escondidas por detrás do meu olhar. A noite caiu majestosa sobre nós.
Para dizer que "nunca mais".

terça-feira, 23 de abril de 2013

#Catorze

É como a contra-mão inexorável daquelas pancadas repentinas. Bombas de morfina para anestesiar os sentidos perplexos. Aquele choque sem precedentes. Esconde-se uma vida inteira dentro de alguns poucos segundos. 
Eu me perdi, na imensidão azul petróleo, pontilhada por infinitas estrelas que iluminam os meus pensamentos. O acidente, o trauma, a dor. Eu senti, e descobri que estava viva simplesmente por sentir, pois há muito tempo eu havia me esquecido pelos cantos, ao longo da palidez do caminho bipartido. Desmontei-me lentamente, e encontrei em meio ao vazio, um coração resguardado, entupido e entalhado de cortes profundos e feridas em processo de cicatrização.
Eu não percebi o que viria depois. Eu não sabia lidar com o vento cortante que implorava para que eu mudasse a direção. Havia ao meu redor inúmeros "lás" que meus olhos marejados, cansados de enxergar, cegos por lágrimas e decepções constantes, insistiam em ignorar.
Eu segui o infinito, pois para mim, as palavras e promessas nunca foram vazias, desprovidas de verdade. Eu tive fé e coragem para honrar os inúmeros significados gravados à tinta e sentimento nos tecidos da minha pele. Eu pintei o horizonte infinito e segui do jeito que eu acredito. E eu cheguei, em um lugar só meu. 
Dentre os meses em que eu redescobria as minhas partes, tentava colar e rearranjar - com a minha hiperbólica crença no romance perdido, mas não extinto - o mosaico de mim.
Encontrei a cura no amor. O amor é a melhor parte de todos nós - o prisma multifacetado que não nos permite definição. Eu caminhei lentamente, tentando me desvencilhar dos cacos quebrados, dos corpos celestes que poderiam intervir no meu processo de auto-reconstrução. Eu só deixei as janelas abertas para entrar a luz solar tímida dos dias nublados, nos cômodos do meu coração. E entrou mais do que isso. Entrou sorriso, entrou olhar, entrou corpo e alma. E eu, mesmo despida de qualquer certeza, deixei você entrar. Eu me apaixonei de olhos fechados, sem teto, sem tato. No caos do sem querer, lá estávamos eu e você. Desculpando corações embriagados de cristalina lucidez. Era samba, amor e madrugada. O frio da noite fazia paradoxo com o calor da rede, da saliva misturada. Eu senti a brisa cortês soprando em meus ouvidos a paz que eu tanto almejei nas mesas de bares e em lugares fechados com sons mais altos do que eu queria escutar. Passei do rock nacional para o samba da velha guarda. Ambos se eternizaram em mim, e todo o resto foi carnaval.

domingo, 31 de março de 2013

#Outono

Algum dia do mês de março. Dois mil e treze.
Tudo era silêncio. A cor era sombra da noite. Eu não tinha voz, mas queria dizer. Traduzir um coração compassado no samba simples de canto e violão. Rimar os teus versos mudos, quem sabe um piano, ou talvez não.
Eu me esperei nas esquinas, nas mesas de bares, em lugares fechados com sons mais altos do que eu conseguia escutar. Saí sem anunciar, sem despedir, sem avisar.
- Seu nome. Sussurrei.
Era rua, era asfalto frio da madrugada. Ninguém.
Eu imaginei, eu chamei, eu pensei que poderia ser você, que poderia existir você, ali. Nua, crua. Sem adjetivos para descrever, como quem é cinza e quer brincar de aparecer.
As tuas ligações rápidas, calculadas para viciar. Você aparece na tela do meu celular, e logo desliga, emudece, para de falar. Eu degusto incompreensão, nos lábios, nos ouvidos, no coração. Entre meias palavras e intenções destiladas, tudo o que sei é que eu me perdi, ali, no frio, no asfalto irregular, na cor de sombra da madrugada.
-
Treze de julho. Dois mil e doze.
"Se realmente quisesse estar ao meu lado, o horizonte seria infinito, as possibilidades não caberiam em uma folha de papel e o seu olhar seria para sempre, um retrato de todos os diasEu te dei todas as chances, você as recusou. É hora de partir. Não há mais nada que eu possa fazer, senão buscar minha felicidade em algum outro lugar, junto de algum outro alguém que se orgulhe de olhar para mim e dizer claramente que do meu lado não sairá." 
-
Último dia do mês de março. Dois mil e treze.
Eu não sei sentir pouco, aos poucos, ao meio. Eu gosto de sentir meus olhos refletirem o brilho de outro olhar. Coração vazio é cárcere, sinônimo declarado da sobrevida apática de quem não sabe amar.
A sua voz e poucas sílabas. Duas, três, ou talvez quatro horas da manhã. No vão dos meus pensamentos, elas ecoam incessantemente, como uma verdade boa demais para acreditar.
É simples, é complexo. É apego, desapego por cinco minutos, até querer outra vez. É certo? É errado? Há quem concorde, quem discorde, há quem não queira opinar. No entanto, como assentes protagonistas, é muito tarde para olhar para trás, para dizer que tanto faz.
Não sei sentir pouco, não sei sentir aos poucos. A verdade é que a gente se vicia sem perceber. Sorriso. Voz. Olhar. Um toque no sereno da madrugada, lá nos trezentos quilômetros de distância de São Paulo. Em São Paulo. Em qualquer lugar. Na urgência da cidade, há quem pare para observar a soma de nós dois - que tornou-se apenas um. Sim, é verdade o que dizem alguns poucos e loucos. Ainda existe amor por aí. Sem preço, sem rótulo, sem condições para doar. Eu te encontrei, e não foi nas esquinas, nas mesas de bares, em lugares fechados com sons mais altos do que eu conseguia escutar. Eu te encontrei dentro de mim. E você estava lá há muito tempo, como quem não quer nada, trocando tudo de lugar.

"Já não me preocupo se eu não sei por que.
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você." - Legião Urbana 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

#Infinite

Há alguns anos atrás, somaram-se à minha vida outros três corações que de alguma forma conspícua e inimaginável, completam o meu. Eu fui capaz de entender melhor, e muito mais do que isso, sentir o significado de palavras que antes resumiam-se ao ceticismo cinza de um dicionário qualquer.
Eu traduzi o infinito de olhos fechados. Eu construí um sorriso cada vez mais enriquecido de felicidade, por momentos, por lembranças, por frases guardadas. O tempo me ensinou que em cada novo gesto ébrio de carinho e amizade, as palavras ganhavam significados mais complexos. Quando eu encontrei vocês, eu somei mais um milhão de significados para as sílabas simples do amor. Vocês são a cura para qualquer dor, a razão (ou melhor, três) para que eu me sinta bem ao final de cada dia. Vocês me ensinaram a eternizar um segundo, um minuto, um momento. Eu não conheci vocês, eu reconheci vocês. Por alguma razão irracional, eu me encontrei em seus corações, e por isso, apenas por isso, vocês me fazem infinitamente feliz.
Completam-me em cada roda de violão, cada piada na contra-mão, risadas embrigadas em uma mesa de bar... Até mesmo nas lágrimas e angústias compartilhadas, ou nos telefonemas que penduram-se por tardes arrastadas, somos eu e vocês, cenário, figurino e protagonistas desta história sob a nossa própria direção. A cada nova manhã ou madrugada temos uma lembrança a mais para colecionar. Nos porta-retratos, daqui há alguns anos, outras pessoas irão perguntar:
- Quem são estas pessoas na foto?
Nossos corações mal saberão por onde começar. Talvez seja mais simples abreviar, e assim vamos dizer:
- Meu infinito particular.
Pois sim, eu descobri na fidelidade de um olhar, no conforto de um abraço e no sorriso cativado, a 'quase utópica' amizade para sempre. Aquela que não importa aonde estejam os nossos corações, tenho a certeza de que meu amor será intacto, irrevogável e incondicional. Aquela que não importa quando vocês chamem meu nome, estará presente dentro de mim, como parte fundamental de mim, pois vocês se tornaram parte de quem eu sou, e eu sei que não seria igual se eu nunca as tivesse conhecido.
São mais de meia dúzia de bilhões de pessoas e meu coração escolheu viver ao lado de vocês. Tenho orgulho de tudo o que eu sou hoje, simplesmente por as ter encontrado. Eu tenho orgulho do meu sorriso ao olhar para trás, ao viver o presente ao lado de cada uma de vocês, e também de arquitetar planos para uma vida inteira - para o futuro conjunto e distante.
Meu sorriso nunca foi tão feliz desde que nós nos encontramos, e meu coração aprendeu a bater mais forte com a companhia dos seus. Tudo resume-se ao infinito que eu encontro em nossos olhos quando o amor une as nossas vidas, os nossos dias, e nos mantém sempre juntas apesar de quaisquer dificuldades, pois vocês são minha certeza de que o fim é inexistente.

"O verdadeiro amor nunca se desgasta, quanto mais se dá, mais se tem." - Antoine de Saint-Exupéry

#Poète

A gente se dói e deixa doer, pelas minhas, pelas suas palavras empoeiradas, escondidas por detrás da tela do meu celular. Acostumei a te esquecer, um pouco a cada dia, quase como uma contagem regressiva para não sentir mais.
A madrugada não é mais cenário de quem brincou de ser poeta, de quem despia seus pesares, suas tristezas lapidadas no branco do papel. Os rascunhos desconexos ficaram ébrios de vazio, e já faz algum tempo que em meus dias não há mais narrativa, poesia ou dissertação. Da rotina dos bares perdeu-se a rotina, das músicas doloridas perdeu-se a dor, dos meus olhos saudosos perdeu-se você.
A madrugada também não é mais cárcere preenchido pelo silêncio inexpressivo, que separa a cada dia, o meu coração do seu. E se quer saber, caso algum dia pare para ler, todas as nossas músicas fizeram mais sentido quando nós nos perdemos no trânsito da contra-mão.
Naquela noite em que tudo mudou, poderia ser só mais uma boemia, uma covardia, um anestésico para disfarçar. Já rasguei-me em mil partes, por mentiras ou verdades que eu jamais consegui entender. O mosaico das suas intenções era tradução da anomia que habita impiedosamente seu coração. Tudo o que eu percebi resumia-se à simplicidade de que você nunca me descobriu, e eu nunca descobri você.
Até que um dia, sem porquê ou para quê, a gente se dói e deixa doer. Eu senti o perfume da madrugada, das lembranças anêmicas no caos do sem querer. Eu fui capaz de reacender os meses atrás - através daquelas mesmas palavras empoeiradas por detrás da tela do meu celular. Despertei por alguns poucos segundos uma parte adormecida em mim. Que saudade de quem você brincava de ser, do que a gente brincava de esconder. Eu escutei a canção, naquele modo aleatório que de vez em quando gosta de surpreender. Eu fiz soma e subtração dos motivos que fizeram-me amar e desencontrar você.

"Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Pois meu bem, a vida só se dá, para quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
(...) 
Pra que somar se a gente pode dividir, 
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Aí de quem não rasga o coração,
Esse não vai ter perdão." - Como dizia o poeta, Vinícius de Moraes

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

#Treze

A distância calcula-se por uma estimativa de sete mil seiscentos e oitenta quilômetros de céu. Quem sabe os teus olhos não me encontrem lá em cima, no infinito azul petróleo pontilhado por incontáveis estrelas que iluminam os meus pensamentos. Eu quis voltar a escrever. Tudo o que penso, o que sinto, o que vejo, poetiza-se no branco do papel sem eu ter consciência.
Faltaram as palavras para quebrar a mudez constante dos nossos lábios. No entanto, a verdade paradoxal, é que eu nem sequer tinha o que dizer. A constatação veio em forma de pergunta, e passou como um bloco de carnaval pelo meu coração. Nada ficou no lugar. Nem você.
Eu - que antes escondia-me no vão das madrugadas e dissertava sobre algum você que esqueceu-se como amar - nem ao menos tentei entender o lapso inconsciente de acontecimentos que transformaram-me no melhor que posso ser. As madrugadas ébrias de vontade, trouxeram-me mais do que poderia eu, ter imaginado. Chegou dois mil e treze e eu inspirei o perfume da felicidade traduzida pelas doses incessantes de amor, uma embriaguez saudável. Traguei mil e um sorrisos que flanavam ao meu redor. Eu tive uma, duas, quase três epifanias em menos de um mês. Com a efemeridade deste vai e vem imprevisível arrogado aos meus dias, confesso que eu até enderecei algumas cartas, selei alguns envelopes no período da lua cheia sob as ondas do mar que cerca o horizonte infinito, e se funde na escuridão. No entanto, todos afogaram-se como os meus rascunhos deslocados, ofuscados pela palidez da lua decrescente que pedia redenção.
Em algumas poucas horas, marcadas pela contagem regressiva nos ponteiros do relógio, eu estarei muito longe daqui. Eu vou admirar o brilho da lua mais de perto e ela vai sorrir em seu quarto crescente. Eu vou me esconder na mudez da madrugada e talvez desta vez, você possa me ver. Na impontualidade dos nossos pensamentos, ou no descaso das nossas lembranças, eu vou continuar pelos sete mil seiscentos e oitenta quilômetros de céu, sem olhar para trás.
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"Beijo cálido no íntimo da noite, no escuro da noite, no silêncio da madrugada. A gente brinca de emudecer as palavras com a saliva misturada, no caos do desengano, nas doses destiladas para desculpar corações embriagados de cristalina lucidez."
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Eu aprendi a somar outra vez.